Tenho medo de que,
com Temer, eu acabe vendo um pouco mais da mesma coisa.
Nosso presidente
– por favor, não falem “presidento” (!) –, por melhores que sejam as intenções
dele, será esmagado pela “tradição operacional” dos nossos deputados e
senadores. De acordo com as informações colhidas na operação Lava-jato, na
lista do Janot, na “superplanilha” da Odebrecht, na delação premiada do
Delcídio do Amaral e entre os clientes da Mossack Fonseca, muitos dos nossos
representantes no Congresso valorizam mais os seus interesses pessoais e de
seus partidos do que os interesses do Brasil.
Os partidos
políticos, para os quais Temer será obrigado a delegar parte do seu poder para
ocuparem os ministérios, não estão preocupados com uma administração honesta e eficiente
de suas pastas, e sim com o volume de dinheiro que poderá ser manipulado em
falcatruas e negociatas, urdidas nos labirintos sombrios da burocracia
federal. Os partidos continuarão sugerindo,
para ocupar os ministérios, personalidades “manobráveis” (como Wilson Maranhão),
aéticas e dissimuladas dos seus quadros. A competência para o cargo não é
necessária. A prioridade é saber se o partido ficou satisfeito com a nomeação e
quantos votos da bancada estarão garantidos na votação dos projetos do governo
(!). Um ministério de notáveis? Não. O
ministério de Temer será o ministério escalado pelos “coronéis” da política
brasileira, presidentes (ou testas de ferro) dos atuais 35 partidos existentes.
Aqui, novamente, o povo e os interesses nacionais serão “apenas um detalhe.”
Ao praticar o
“fisiologismo perverso do toma lá, dá cá”, Temer acabará perdendo a chance de
melhorar a administração federal, fazendo mais da mesma coisa.
A partir de
hoje, as raposas do PT, do PC do B e outros passarão para a oposição. A principal
missão desses partidos será a de obstruir a governança de Temer, da mesma forma
que seus militantes obstruem o trânsito nas avenidas e viadutos das grandes
cidades, queimando pneus; invadem propriedades rurais produtivas e destroem
laboratórios de pesquisas agrícolas. Eles
acreditam que prejudicando a administração Temer – preenchendo o congresso com
a fumaça preta das suas ideologias ultrapassadas – conquistarão a simpatia dos
eleitores para retornarem ao poder em 2018. Como vimos, no “mensalão” e no “petrolão”,
eles não querem servir ao Brasil, mas se servir do Brasil.
Penso que, sem
uma profunda reforma político-eleitoral, continuaremos tendo apenas a troca das
moscas, mas a “m” será a mesma. É preciso banir as moscas e a “m” da política
brasileira! É preciso banir os corruptos da administração pública! Muito
acertada foi a frase de um interlocutor do ministro Celso de Mello quando
disse: “Eu não quero viver em outro país. Eu quero viver em outro Brasil!”.
Será difícil,
mas não será impossível.