Zika: preocupação real para a saúde reprodutiva.
Existem evidências científicas de que o Zica vírus pode
causar microcefalia(1), quando a gestante adquire a infecção no primeiro ou
no segundo trimestres da gravidez. Outras evidências apontam que o
Zika vírus pode ser transmitido sexualmente(2) (leia
também 3).
Como se não bastasse à mulher - gestante ou não - precisar se
proteger da picada do mosquito Aëdes aegypt, nesses tempos de epidemia de
dengue, chikungunya e zika, surge uma nova ameaça no horizonte que não diz
respeito apenas ao padecimento clínico por adquirir uma dessas viroses (febre,
dores oculares, articulares e musculares, manchas vermelhas na pele, fraqueza, prostração,
etc.), mas por comprometer seriamente a saúde reprodutiva.
O fato de que, nos homens infectados pelo Zika vírus, a
carga viral no sêmen poder ser 100.000 vezes maior do que no sangue transforma
essa infecção em mais uma doença sexualmente transmissível, com repercussões na
reprodução natural e na reprodução medicamente assistida. Se considerarmos que não
sabemos ainda por quantos meses, após a infecção, um homem portador – mas
assintomático - poderá transmitir o vírus para a(s) sua(s) parceira(s), os
cuidados preventivos deverão ser redobrados – inclusive nos bancos de sêmen –
para não expor a mulher a uma gestação cujo feto estaria vulnerável a
malformações cerebrais como a microcefalia.
A partir de 1969, a vacina contra o vírus da rubéola passou
a proteger as gestantes dos sérios danos embrionários que essa virose pode
causar. Acreditamos que, em breve, a vacina contra o Zika vírus também estará
disponível. Até lá, porém, o combate aos focos do mosquito, as telas de
proteção nas janelas e portas, o uso de repelentes e o adiamento de uma futura
gestação em regiões endêmicas são medidas a serem consideradas.