O Relatório Global sobre Homicídios 2013, publicado pelo Escritório
das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)
demonstra que, no ano de 2012, foram registrados 50.108 homicídios no Brasil; o
que equivale a dizer que, em nosso país, são cometidos cerca de 140
assassinatos por dia. Em todo o mundo, nesse ano, foram cometidos 437 mil
assassinatos; isto é, os números brasileiros correspondem a mais de 10% desse
total(!).
“Cerca de 600 pessoas já morreram no conflito entre
Israel e o Hamas
Diante do alto número de mortes, aumentou o apelo por um
cessar-fogo.
Militantes do grupo Hamas usam túneis para atacar os soldados de Israel”.
Militantes do grupo Hamas usam túneis para atacar os soldados de Israel”.
Hoje, 26/07/2014, no Boletim de
Notícias da Globo News, a locutora informou que nos 21 dias de conflito
morreram cerca de 900 palestinos. Seria oportuno se a locutora fizesse uma
observação, informando que, nesse mesmo período, foram assassinados mais de
2800 brasileiros (!).
O conflito entre Israel e o Hamas
recebe tratamento “vip” na imprensa brasileira e internacional. Se, naquele
enfrentamento, morrem 600 pessoas, esse fato toma proporções gigantescas,
despertando a indignação de diversas nações, entre as quais o Brasil. Esse
número de mortos – 600 – é menor do que a soma de assassinatos cometidos em
apenas cinco dias no Brasil.
O Preconceito - seja ele de que
origem for (racial, religioso, de gênero, etc.) – é, e sempre deverá ser combatido.
Entre tantos preconceitos que conhecemos, temo que mais um esteja se somando
àquela longa lista. O “preconceito jornalístico”, penso, já se oferece como
realidade, pois, a morte de 600 pessoas (entre israelenses e palestinos) parece
ter maior importância jornalística – e ganha maior destaque em todas a mídias -
do que a morte de 140 brasileiros diariamente (!!).
Com a intenção de acordar as
nossas autoridades constituídas, e também os políticos - que querem se
constituir como autoridades -, eu proponho que esse triste panorama brasileiro
fosse lembrado na imprensa internacional, tomando, desta forma, posição
contrária ao preconceito jornalístico.
No âmbito interno, e com o mesmo
objetivo, gostaria que os âncoras de todos os noticiários nacionais – no rádio
e na televisão -, ao darem o “bom-dia”, ”boa-tarde” ou “boa-noite” às suas
audiências, fizessem o seguinte lembrete:
Como acontece todos os dias em
nosso país, amanhã serão assassinadas cerca de 140 pessoas no território
brasileiro. Todos queremos saber quais serão as ações dos governantes diante
desse “desproporcional número de mortes”.
Em vez de olhar para o umbigo de
Israel (ou da Faixa de Gaza), nossas autoridades – e a imprensa nacional - deveriam
olhar, com mais atenção, para o umbigo do Brasil.